Maceió

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Ilha do Carlito

segunda-feira, 20 de junho de 2011

A Difícil Decisão

     Era um sábado...não me lembro do dia e nem do mês. Lembro que a tarde era linda...o sol brilhava e me aquecia enquanto eu caminhava pela Av. João Correia. Meus pensamentos me acompanhavam durante todo o meu trajeto e eu era só energia e felicidade.
     De repente eu a vi! Parei e ela me olhou e eu olhei pra ela. Nunca vou me esquecer daquele momento tão inebriente e tão emocionante ao mesmo tempo. Ela tinha apenas dois meses de idade, era tão frágil e tão minúscula, mal conseguia ficar de pé... seus olhos verdes me imploravam e pareciam me dizer:
     - Tira-me daqui, me leva contigo e te amarei para sempre!
     Relutei entre continuar caminhando ou parar e optar por ela...
     A dúvida era atroz, se eu optasse por continuar caminhando talvez eu me arrependesse pelo resto da minha vida, certamente teria pesadelos e ela não sairia do meu pensamento, mas se a levasse comigo muitas alegrias eu teria e ...ao mesmo tempo,talvez, ganhasse muitas dores de cabeça. O que fazer? Caminhei dez passos... e uma voz me disse:
     - Volta, ela está te esperando.
     Se eu resolvesse ficar com ela, teria que enfrentar uma guerra contra o meu marido quando ele chegasse em casa. Por outro lado, ela teria que fazer a sua parte... conquistá-lo, aos poucos... e... tornar-se a alegria do lar.
     Decidi, então, correr o risco... voltei e parei novamente diante dela e a empatia se consolidou. Tirei-a daquela minúscula clausura e levei-a comigo! Agora, sim, ela teria uma família e um lar! Dei-lhe um bom banho com shampoo e seus parcos cabelos foram ornamentados com dois topezinhos vermelhos. Esta seria a tática para agradar ao "seu pai" quando ele chegasse em casa. Tudo estava pronto. Era só esperar...
     De repente, o soar dos passos... leves, mas firmes ao mesmo tempo.
     - Oi, disse eu! - Tenho uma surpresa para ti...
     Foi então que me lembrei que ela não tinha nome. Naquele exato momento, o primeiro nome que me veio à lembrança foi o de MEL. Chamei-a:-Mel!   
     Pelo corredor interno da casa, ela vinha vindo, inopinável, com suas ancas se movimentando num contínuo balanço...para lá e para cá, enquanto cambaleava em nossa direção. As apresentações foram feitas e não é preciso dizer o quanto eu ouvi de reclamações e lamúrias, mas o mal já estava feito e agora não tinha mais volta.
     Os dias, os meses e os anos foram se passando e a Mel já está com quatro anos de idade; é toda branquinha e mais se parece com uma ovelhinha. Conquistou a todos pela sua inteligência, simpatia e beleza. E posso afirmar com certeza, ela me recebe alegremente todos os dias ao chegar em casa, nunca está de mau humor e me é fiel. Agora já não conseguimos mais viver sem a sua companhia. Seu único problema é gostar de afagos, mas, afinal, quem não gosta?
                                                       Alda Maria Kruse

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