Maceió

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Ilha do Carlito

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

                                      MINHA MAIOR INSPIRAÇÃO
      Estamos em novembro de 2011, é sexta-feira.O vento teima em não querer parar; do avarandado de meu apartamento,em Capão da Canoa,olho pro mar que está bem a minha frente.
     Lembro-me de quando eu era criança e ficava horas brincando de castelinho na areia e, às vezes, parava de brincar e ficava olhando pro mar, parecia que as ondas iam avançar e tomar conta de mim. Até hoje, pra mim, ele é um mistério.
     Daqui da janela, a impressão que se tem é que de um certo ponto em diante ele transmite calma, tranquilidade, serenidade, parecendo ser uma lagoa, mas mais pra frente ele se torna agitado e as ondas, bem branquinhas, arrebentam, uma após a outra, até que vão se tornando menores e bem fraquinhas, espalhando-se pelas areias da praia.Tudo isto me parece que está dentro da normalidade. Mas, hoje, excepcionalmente, as ondas estão bem alvoroçadas, agitadas e muito  altas, certamente devido aos fortes ventos que teimam em não querer parar e cujos uivos ouço daqui de cima,do 5º andar do meu prédio.
     É um dia excepcionalmente lindo, e o sol ilumina as ondas, tornando-as mais alvas ainda. E, para consumar este momento de magia,  arroubo e encantamento pássaros me homenageiam com uma sinfonia de cantos.Debruço-me no parapeito da janela para ver da onde vem  esta serenata tão festiva e encantadora, quando avisto,bem em frente ao meu edifício, nos jardins das três últimas casas da minha rua,canteiros ornamentados de hortênsias que florescem insanas com suas explosões de cor, o ardente azul e o rosa vibra.
     Fui tomada por tamanha emoção e encantamento que  desfrutei daquele inebriante momento, e pude constatar que uma experiência não é apenas viver um instante, mas ser transformado por um momento. Seja pela emoção que causa, pelas sensações que desperta, pelas ideias que mobiliza. E aquela beleza toda estava ali, bem diante de meus olhos.
     O cenário  seria perfeito, se não fosse o barulho infernal da betoneira que gira doidamente para misturar a massa que ligará e sustentará os tijolos para a edificação de um edifício na esquina da minha rua, aliás, Capão da Canoa se ufana  de ser a mais vertical das praias do litoral norte..
     Cada vez que venho para cá, a primeira coisa que faço é olhar para ver se o “meu mar” ainda está lá, tenho medo de perdê-lo de vista, pois estão construindo, cada vez mais, arranha-céus na cidade.Ainda bem que, por ora, ainda o terei como protagonista principal da minha trajetória de vida. É por ele que comprei  este apartamento , é ele que  faz com que as palavras se materializem para o papel,é ele que  me estimula,que  me emociona e que me dá aquilo que tanto necessito para viver: paz!
     Quando eu era mais jovem, tinha como ideal uma vida intensa e agitada, hoje o que mais desejo é serenidade, aquela sensação de felicidade plena pelo simples fato de poder ouvir e ver aquilo que  me cerca com mais poesia, com a alma leve e o coração tranquilo, pelo simples fato de dever cumprido.
     Tomara Deus que enquanto eu aqui estiver possa usufruir da companhia deste meu fiel e velho amigo mar.
                                          Alda Maria Kruse da Costa

Meu beija-flor

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

                        MEU SAUDOSO COLIBRI
     Às vezes, Deus nos agracia com certos presentes e só nos damos conta da tamanha importância deles quando os perdemos.
     Diante da porta da minha casa existe uma árvore a qual foi plantada por mim e que hoje está quase chegando na altura do telhado da casa.Vez por outra,ela me alegra com suas flores vermelhas entre o emaranhado de folhas verdes e viçosas.
     Mas o que eu quero falar é do meu presente especial. Este presente foi um filhote de beija-flor cujo ninho pendia de um dos galhos da árvore, parecendo querer entrar por entre a janela da sala.Este filhotinho era tão pequenino e franzino que carecia dos cuidados constantes de sua mãe.
     Os beija-flores são aves encantadoras e resplandecentes por si só e quando os temos perto de nós é o quanto sabemos da graça que Deus está nos concedendo por podermos usufruir desses momentos verdadeiramente mágicos e únicos.E tudo isto se torna verdadeiramente um espetáculo, quando temos a oportunidade de ver as mudanças de cores com a movimentação de seus corpos.
     E é assim que durante dias eu me encantava e me emocionava com as aparições da mãe beija-flor que chegava com suas asas rápidas, quase imperceptíveis, beijava uma das minhas flores com precisão, maestria e suavidade, sugando o seu néctar para alimentar seu indefeso filhinho.
     Dizem que a maioria dos machos dá uma demonstração especial de interesse e carinho, quando está paquerando e oferece, como prova do seu amor à amada, o ninho prontinho, poupando-a de um trabalho normalmente cansativo e executado por ela.
     O certo é que o ninho estava lá, bem diante de meus olhos e o filhotinho de beija-flor também.
     Certo dia, como fazia durante todas às manhãs, às seis horas, para ser mais precisa, notei que o ninho estava desintegrado do galho que o prendia, quase caindo. Rapidamente peguei uma escada e para minha surpresa, desencanto e dor o filhote de beija-flor tinha sumido. E pior que isto, descobri, em seguida, que o gato da vizinha havia comido aquele “serzinho” tão pequenino e tão indefeso.
     Até hoje, lembro-me daqueles momentos emocionantes e que  contagiavam a mim,em especial, a meu marido, e a todos que nos visitavam e que foram testemunhas oculares daquela emocionante e espetacular visão.
    O fato é que não consigo mais me desligar daquelas momentos mágicos e nem tampouco esquecer dos meus novos amigos, que já haviam adquirido confiança em mim.O que me acalenta é a foto que tirei do filhotinho em seu aconchegante ninho.
     Todos os dias, me faço a mesma pergunta: Será que algum dia, Deus me proporcionará momentos tão belos como quanto estes vividos por tão pouco tempo?
                                       Alda Maria Kruse da Costa