Maceió

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Ilha do Carlito

quarta-feira, 5 de março de 2014

ATRÁS DO CREPÚSCULO

                                                         ATRÁS DO CREPÚSCULO

        Enquanto caminho à beira-mar
     Meus passos me acompanham,
     São os coadjuvantes dos sonhos que ainda estão por se realizar.
      O silêncio propaga-se por toda a orla marítima,
      Uma quietude estranha que eu aprendi a valorizar.
      Sinto uma sensação boa.
      Delicadas asas brancas me acompanham
      São as gaivotas, protagonistas dos meus devaneios.
      Respiro fundo, tomando um fôlego purificador
      Sinto-me plena, a cores
      E elas são ricas, vivas e saturadas.
      As ondas vêm e voltam
      Num ritmo incessante, primitivo e sensual
      Vez por outra, elas banham os meus pés,
      E me encorajam a seguir adiante.
      Ergo a cabeça,
      Acima, o céu é de um azul onírico entremeado por nuvens algodoadas.
      O dia está glorioso e o ar gentil como um beijo apaixonado.
      A brisa é fresca o suficiente para dissipar qualquer resquício de fadiga.
      Começo a correr
      A idade não me impede de gastar a energia excessiva que me sufoca.
      Paro, agora ofegando
      Puxo o ar para os pulmões
      Respiro fundo
      E volto caminhando sem pressa
      ATRÁS DO CREPÚSCULO!
                                                    Fev./2014
                            Alda Maria Kruse da Costa
          
      
    

segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

AMIGAS SAUDOSAS

Segunda paródia

AMIGAS SAUDOSAS

Amizade não tem preço!
Se faz calor
Se o Sol aquece e torra
E a chuva não aparece
Os amigos no coração estão!
No Imbé ou em Capão
Com calor ou não
De braços abertos
Os amigos bem-vindos são!
Não importa a distância
Quando a nostalgia bate
O bálsamo nos amigos está!
Chamegos e traquinices
Um lero-lero franco e bem animado
Um churrasco e um bom chimarrão
Com calor ou com frio
Os amigos bem recebidos sempre serão!
   Fev./2014                          
                           Alda Maria Kruse da Costa



CERCADA POR ARRANHA-CÉUS

   


O amigo Paulo Blos me enviou dois belíssimos poemas. O primeiro deles, trata-se do lindo cenário que compõe a moradia em que ele e sua esposa residem. Ele fala do seu pequeno paraíso circundado pelo verde da natureza, das águas cercadas pelo caxambu, do cheiro refrescante da mata, etc. O segundo fala da saudade que ele sente das amigas... Enfim, em resposta aos seus textos, escrevi duas paródias.


         Cercada por Arranha-céus
        Da sacada do meu avarandado, vejo o céu cercado por vários arranha-céus onde figuras humanas se movimentam a todo momento. Não as conheço, mas, às vezes, noto, pelos movimentos contínuos e nervosos que fazem, que os estresse vem fazendo parte do seu cotidiano. Não têm pra onde ir, estão emparedados, a mercê de olhos curiosos e estranhos.
     Ouço buzinas e freadas de veículos a todo o instante. É o ônus de quem opta por viver em grandes centros urbanos. O que me regozija é o ajardinamento caprichoso e verdejante que circunda e envolve os prédios. Cada qual quer proporcionar e ostentar aos moradores e visitantes o seu belo jardim. No meu, por exemplo, existe uma mistura do verde com um colorido forte e inebriante; é o verde dos ciprestes acompanhados pelas flores exóticas da estação.
     O meu coração se enche de alegria, quando me deparo com estas maravilhas, mas nada, é evidente, comparado ao cenário que meus amigos Paulo e Bea têm em sua moradia.
Em 03/02/2014
                                         Alda Maria Kruse da Costa

quinta-feira, 26 de setembro de 2013

" De que serve um livro que não nos transporta além de todos os livros?

A cada dia mais me surpreendo, mais reflito e mais aprendo... terminei de ler o livro "Quando Nietzsche chorou" de Irvin D. Yalom. Por que só se vê as coisas quando se é mais velho? "Quanto da vida eu perdi, simplesmente por deixar de olhar... ou por olhar e não ver?" Hoje, me sinto plena, tenho muitos defeitos, sou, às vezes, impulsiva, mas também tenho pontos fortes. Tenho um excelente olho para a nobreza de espírito de um amigo ou amiga. Quando encontro alguém assim, prefiro não perdê-lo(a). Sinto pena de Nietzsche, o protagonista do livro, pois " o contato dele  com outros seres humanos era tão escasso, que gastava um tempo extraordinário conversando com seu próprio sistema nervoso". Assim, meus queridos amigos, "opto por ter caos e frenesi dentro de mim para dar à luz uma estrela dançante". Isso não é simplesmente maravilhoso? Pergunto, então: "Você viveu sua vida? Ou foi vivido por ela? Escolheu-a? Ou ela escolheu você? Amou-a? Ou a lamentou"? Sei que muitos não viveram a vida q. queriam, viveram a vida atribuída a elas. Foram encaixados nela. Viver como uma águia, sem absolutamente  qualquer público , somente assim se consegue  voltar para outra pessoa com amor e se preocupar com o seu  engrandecimento. Quanto aprendi com o filósofo Nietzsche, quantas reflexões, quantos ensinamentos... Qual é a chave, enfim, para se viver bem? " É primeiro desejar aquilo que é necessário e, depois,  amar aquilo que é desejado!".  Um excelente  final de semana a todos meus amigos queridos!

segunda-feira, 22 de julho de 2013

A Despedida


                                                                           

                                                                           A  DESPEDIDA

                        Após ter transcorrido alguns meses, resolvi, finalmente, publicar as emoções finais vividas no momento em que eu tive que me despedir do meu “castelinho”, como era chamada a minha casa por alguns amigos. Dizem que este apelido foi-lhe dado por conta de sua iluminação farta e generosa que vez por outra havia, quando recebíamos nossos amigos para um jantar .

                       Não é fácil a gente se despedir de um lugar onde fomos tão felizes, onde a vida sempre se mostrou sorrindo e onde tudo era espaçoso e amplo. E quando esta casa foi construída do jeitinho como queríamos torna-se, indubitavelmente, uma decisão muito difícil.

                       Foi o que aconteceu comigo naquele momento. Ainda estou nela, a mudança ainda não foi feita, mas o fato já foi consumado. Não há nada mais a fazer. Meditei, considerei, avaliei e medi.  Arrependimento? Não, tudo foi muito bem pensado. Certa vez, escrevi em uma das minhas crônicas que quando chegasse o momento certo, venderia a minha casa. E este momento chegou. Minha aposentadoria me acena, dizendo estar chegando; minha neta, que mora em Fortaleza, me dizendo que está com saudades e que me ama; o inverno que se aproxima sem dó nem piedade. São tantos os encontros e os desencontros que já nem sei  ao certo onde a felicidade se esconde.

                         É tarde, aproxima-se da meia noite, sozinha, mergulho em mim mesma. Sentada em minha área, ouço o barulho de uma fina, tênue e tímida  chuva que cai sobre o tapete verde em frente a minha casa. Olho para o jardim e noto que o tronco da palmeira que eu plantei há seis anos atrás está inclinado para o lado da grade que contorna a casa; um pouquinho mais para a esquerda, vejo a minha árvore preferida e que todos os anos me oferece lindas flores vermelhas e ornamenta o meu jardim. Agora ela já não está também tão ereta como antes,  está amarrada por uma corda a um dos pilares da área,como tentativa de mantê-la firme e forte outra vez. O último vendaval quase a destruiu e a arrancou de sua moradia. Algumas lajotas do piso que dá acesso à garagem dos carros e que antes seguia um único modelo, formando  arabescos  agora já está com falhas e a relva  que cresce por entre as pedras está pálida com a chegada do inverno. Algumas pedras já não existem mais, a água das constantes chuvas destruiu-as, fazendo  aparecer a massa cinzenta e cruel, tornando as restantes pedras frias e inescrupulosas.

                       Talvez o meu subconsciente não quisesse assistir ao último suspiro destas tão queridas amigas, com as quais tive o prazer de conviver durante todos estes anos. Agora, olhando mais demoradamente para uma delas, a minha árvore preferida, percebo que ela está triste e acabrunhada, suas folhas estão inclinadas para baixo como se quisessem, tristemente, me dizer adeus. As demais flores dormem agora, sob a chuva e o vento frio do inverno que se aproxima.  

                       Noto que a chuva está gradativamente aumentando e a grama reluz. Logo, logo hastes verdes e novas começarão a surgir entre as velhas, anunciando uma nova estação e eu já terei partido, os novos donos desta casa farão a sua própria história. Espero que sintam pelas minhas amigas o mesmo sentimento que eu nutria por elas, carinho, amor e gratidão por elas fazerem parte da minha vida.

                      Neste exato momento, ouço, ao longe, um sino que toca ou seria a buzina de um carro? Não sei ao certo, mas sinto magia e música no ar. Olho para o horizonte e vislumbro algo mais, a certeza de que melhores dias ainda virão.

                                                                                                     Maio de 2013.

                                                                     Alda Maria Kruse da Costa


segunda-feira, 24 de junho de 2013

ENTRE A DOR E O PRAZER


                                       ENTRE A DOR E O PRAZER 

     Besteiras todo mundo faz, mas aos sessenta anos de idade é inadmissível se cometer certos excessos. Foi o que aconteceu comigo, quando meu marido e eu chegamos ao aniversário de um amigo. A dona da casa, muito prendada e excelente anfitriã, serviu-nos como entrada ao jantar que viria a seguir, fatias de pizza com sardinha. Como estava com muita fome, comi uns dois ou três pedaços da danada da pizza. Em seguida, vieram os famosos bolinhos de queijo, servidos em bandejas, as quais passavam de mãos em mãos. Que delícia! E lá fui eu, dois, três, quatro, perdi a conta... Os bolinhos vinham bem quentinhos e apetitosos.

     Quando se está com fome, nunca se pensa nas consequências. Bem, lá pelas tantas, vieram os famosos pastéis de carne fritos e acompanhados de dois tipos de sopa, a sopa de ervilha e a de “Capeletti”. E novamente, sem pensar no que poderia acontecer com meu amado e delicado estômago, me atraquei nos pastéis, três, quatro ou cinco, não me lembro quantos eu comi ao certo. Ah, claro, também provei um prato de cada tipo de sopa. Que maravilha! Para uma degustação melhor das iguarias, optei pelo vinho branco “Chardonnay”. Conversa vai e conversa vem! Que papo gostoso! Entre risadas e cantorias ao violão, foi-nos apresentado um “Buffet” de sobremesas. E é claro que tive que provar um pouco de cada uma delas. Uma melhor do que a outra. Tudo muito bom, tudo excelente e perfeito. No entanto, não sabia o que estava por vir.

     Ao chegarmos em casa, apenas para prevenir, tomei uma xícara de chá de marcela e me deitei. Em seguida, adormeci e fui acordada repentinamente, lá pelas tantas da madrugada, com uma terrível dor de barriga acompanhada por um forte enjoo. Deu tempo apenas de vestir meu “roupão” e me fui pro banheiro, onde devo ter permanecido lá por, pelo menos, uma hora.                                                   Depois de ter colocado todas aquelas delícias pra fora, tomei um banho bem quentinho, pra ver se passava aquela dor de cabeça insuportável e aquele mal estar; deitei-me, novamente, bem quietinha na cama pra não acordar o maridão. Mas foi aí que começou meu verdadeiro calvário. O danado do frio me apareceu de repente, tomando conta do meu pobre e sofrido corpo, mas um frio tão intenso que nem dois edredons e os braços do meu marido me envolvendo faziam com que eu parasse de tremer. Dizem os entendidos que quando acontece isso é porque a pressão está muito baixa.

     E enquanto todo meu corpo tremia de dor e frio, uma jovem, na calada da noite, gemia de prazer. E que prazer! E aquele ai,ai,ai, ai, me acompanhou durante todo o meu espasmo e aquilo parecia não querer terminar nunca mais e o tremor que percorria todo o meu corpo também não. Ela, talvez, desconhecesse o fato de que no silêncio de uma noite ou madrugada, quando se perde o sono, pode-se ouvir tudo, as freadas e as buzinas dos carros, o grito dilacerante de uma mulher, implorando por socorro, o choro de dor ou fome de uma criança, o ronco de um homem ou até mesmo as conversas dos vizinhos. Este é um dos problemas das acústicas dos edifícios, as paredes parecem ter ouvidos.

      Que falta de sorte! Nós duas, por motivos diferentes, gemíamos, ao mesmo tempo. Enquanto ela corria desenfreadamente rumo ao glorioso ápice, uma parte de mim clamava para que um novo dia se anunciasse e outra, torcia para que as drogas ingeridas me fizessem cair num sono profundo e que quando eu acordasse tudo não tivesse passado de um terrível pesadelo.

     Sento-me na cama e vislumbro, por entre as frestas da janela do meu quarto, algumas luzes acesas nos arranha-céus. É a aurora que se anuncia e com ela a esperança de um novo dia ensolarado e bem-aventurado.

     Certamente, aquela mulher nunca vai ficar sabendo que, enquanto a vizinha travava uma luta infernal contra a dor e o frio  avassalante que dominava todo o seu  ser, ela também lutava, mas ao contrário de mim, por um final sem dor alguma, um final exultante, prazeroso e triunfante.
                                                         24 de junho de 2013.                                         
                                                         Alda Maria Kruse da Costa

quinta-feira, 4 de abril de 2013

ESCOLA AMADEO ROSSI EM FESTA


                                                      


                        HOMENAGEM À ESCOLA AMADEO ROSSI

      É impressionante como, às vezes, nos emocionamos diante de certos acontecimentos. Foi o que aconteceu no último dia 20 de março, na Câmara de Vereadores do Município. Por iniciativa da Vereadora Iara Cardoso, a Escola Estadual Amadeo Rossi  foi homenageada pelos  seus 55 anos de existência.Estavam presentes o Vice-Prefeito,Daniel Daudt, representando o Prefeito de São Leopoldo,Vereadores do Município,  professores, funcionários e alunos da Escola.Nota dez para os alunos que deram verdadeiros exemplos de civilidade e educação, pois durante todo o evento seu comportamento foi  irrepreensível. No decorrer das falas, seus olhares eram atentos e não se ouvia absolutamente que pudesse enlear esta linda e tão merecida homenagem. Quero parabenizar e dizer que me orgulho muito de  André Lemke, ex aluno da Escola e, atualmente, assessor da Vereadora Iara que, durante o evento, demonstrou  eficiência e destreza no cumprimento de suas funções.


      Enquanto palavras eram proferidas em homenagem à Escola, imagens se passavam pela minha memória e me fizeram recordar do que eu tive que enfrentar para pôr ordem “naquela casa”. Naquela época, a Escola tinha a alcunha de “Inferno na Torre”, local onde os desentendimentos e as discórdias eram corriqueiras e normais; os alunos chegavam para as aulas a hora que queriam e entravam nas salas sem pedir permissão, batendo a porta. Muitas vezes, tive que separar alunos que brigavam empunhando facas, canivetes e até mesmo revólveres. Havia revanchismo das gangues que moravam na COHAB DUQUE  com às que moravam no Bairro Santa Teresa. Aos pouquinhos, com muita dedicação, empenho, persistência e pulso firme, mas por outro lado,  com muito amor e carinho, fui transformando para melhor a Escola. Mas nada disso teria acontecido se não fosse o apoio incansável e indefesso de minha Equipe Diretiva, professores e Pais. Aos poucos, nos meios de comunicação, foram circulando boatos de uma Escola que já estava sendo considerada uma Escola-modelo para as demais, até que finalmente ela adquiriu uma identidade própria. E, assim, durante, aproximadamente, 15 anos fui Diretora da Escola da qual sinto o maior orgulho e carinho. E nesta última quarta-feira, pude comprovar que ela continua caminhando com dignidade  onde a aprendizagem, no decorrer dos anos, tem sido altamente significativa. E, aí, vai meus cumprimentos ao Prof. Chico que, a frente da Escola  como Diretor, tem sido incansável e determinado em suas atitudes e ações. Deixo,aqui, registrado a minha alegria em saber o quão amada e querida por todos fui, enquanto Diretora, e continuo sendo, pois recebi, nesta noite, muitas homenagens de carinho e apreço. Não posso deixar de citar um fato do qual tenho nítida lembrança. Foi quando o nosso atual Vice-Prefeito e Secretário de Educação do Município, Daniel Daudt, ainda muito jovem, apareceu na Escola com um Memorando para assumir como Agente de Portaria, mas percebi na hora que ele seria a pessoa ideal para trabalhar na secretaria da Escola. Lembro-me bem de seus cabelos loiros e compridos, os olhos muito azuis e curiosos, mas ao mesmo tempo, através de seu olhar, podia-se vislumbrar uma forte força de vontade de vencer na vida. Sua trajetória, certamente, foi difícil, mas se  saiu vitorioso. E, hoje,temos a prova disso,de Vereador passou a Vice Prefeito e  tenho percebido que  muitos jovens têm se espelhado nele, seguindo seu exemplo.

     Bem, o que eu gostaria de dizer é que quando se desempenha um trabalho com amor e dedicação, apesar de anos passados, somos sempre lembrados e homenageados .