A Vizinha
Você já teve a
sensação de ter perdido alguém que poderia ter sido muito importante na sua
vida? Pois é... é assim que eu estou me
sentindo agora.
Até o presente
momento, estava me sentindo inteiramente em paz comigo mesma, cheguei até a
escrever algo sobre a “PAZ” há instantes atrás, no meu face book.
De repente recebi um telefonema, me dizendo: “
A esposa do Sr. Arno faleceu”. O impacto foi grande e com esta triste notícia a
minha paz se desfez. Por um acaso, me lembrei que esta Senhoria marcou a minha vida sem sequer eu ter percebido; talvez o tempo não
tenha me dado a chance de conhecê-la melhor.
Esta Senhora era
a minha vizinha e cada vez que eu chegava em casa,
ao meio-dia ou ao final da tarde, enquanto o portão eletrônico concluía o
seu percurso até parar definitivamente, ela, da sua área,
tomando seu costumeiro chimarrão com seu esposo, me abanava, com seu tímido
sorriso.Era uma mulher calma e tranquila, parecia que nada lhe afetava.Era baixinha, gordinha, cabelos grisalhos e olhos
muito azuis. Aparentava não ter chegado, ainda, aos oitenta anos de idade.
Certamente também era muito bem quista, pois frequentemente, aos domingos, reuniam-se
filhos, noras, netos e amigos para um churrasco, onde as conversas e as risadas
eram ouvidas nitidamente. Cada vez que a via, enxergava a minha falecida mãe,
pois as duas eram muito semelhantes, tanto na aparência quanto espiritualmente.
Não me lembro de
ter ido visitá-la para conversarmos e nos conhecermos melhor, a ausência de tempo me
impedia de ir até lá. A única vez que tive um gesto de afeto ou de carinho foi
na véspera de Natal, quando do muro que dividia nossas casas, entreguei-lhe uns
docinhos caramelados. Ela, muito
gentilmente, me agradeceu e me disse que não podia comê-los, porque tinha diabetes.
Lembro-me de ter comentado com meu marido que eu iria providenciar uma outra lembrancinha para ela. Mas cadê o
tempo?
Pra mim, o mais
importante era eu saber que ela estava lá e que sempre a encontraria no mesmo
lugar. Até que um dia, ela se foi e aí, acometida por sentimentos de remorso,
me lembrei que nem sequer seu nome eu sabia. Tomara que aonde ela estiver,
ela saiba o quanto eu a estimava e a admirava.
Alda Maria Kruse da Costa
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