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Ilha do Carlito

segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

A Vizinha


                                                   A Vizinha

     Você já teve a sensação de ter perdido alguém que poderia ter sido muito importante na sua vida?  Pois é... é assim que eu estou me sentindo agora.

     Até o presente momento, estava me sentindo inteiramente em paz comigo mesma, cheguei até a escrever algo sobre a “PAZ” há instantes atrás, no meu face book.

      De repente recebi um telefonema, me dizendo: “ A esposa do Sr. Arno faleceu”. O impacto foi grande e com esta triste notícia a minha paz se desfez. Por um acaso, me lembrei que esta  Senhoria marcou a minha vida sem  sequer eu ter percebido; talvez o tempo não tenha me dado a chance de conhecê-la melhor.

     Esta Senhora era a minha vizinha e cada vez que eu chegava  em  casa, ao meio-dia ou ao final da tarde, enquanto o portão eletrônico concluía o seu  percurso  até parar definitivamente, ela, da sua área, tomando seu costumeiro chimarrão com seu esposo, me abanava, com seu tímido sorriso.Era uma mulher calma e tranquila, parecia que nada lhe afetava.Era  baixinha, gordinha, cabelos grisalhos e olhos muito azuis. Aparentava não ter chegado, ainda, aos oitenta anos de idade. Certamente também era muito bem quista, pois frequentemente, aos domingos, reuniam-se filhos, noras, netos e amigos para um churrasco, onde as conversas e as risadas eram ouvidas nitidamente. Cada vez que a via, enxergava a minha falecida mãe, pois as duas eram muito semelhantes, tanto na aparência quanto espiritualmente.

     Não me lembro de ter ido visitá-la para conversarmos  e  nos conhecermos melhor, a ausência de tempo me impedia de ir até lá. A única vez que tive um gesto de afeto ou de carinho foi na véspera de Natal, quando do muro que dividia nossas casas, entreguei-lhe uns docinhos caramelados.  Ela, muito gentilmente, me agradeceu e me disse que não podia comê-los, porque tinha diabetes. Lembro-me de ter comentado com meu marido que eu iria providenciar uma  outra lembrancinha para ela. Mas cadê o tempo?

     Pra mim, o mais importante era eu saber que ela estava lá e que sempre a encontraria no mesmo lugar. Até que um dia, ela se foi e aí, acometida por sentimentos de remorso, me lembrei que nem sequer seu nome eu sabia. Tomara que aonde ela estiver, ela  saiba o quanto eu a  estimava e a admirava.

                                                                Alda Maria Kruse da Costa

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